sábado, 23 de maio de 2009

NA CHUVA...



Na chuva de 20 de março te conheci,
Casualmente te conheci,
Era madrugada,
Estavas lá usando um codinome ostensivamente simples:
Sincera.
E como numa tempestade, só que de pessoas,
Provoquei-te em meio a todas elas.
E te chamei pro canto.
Era chuva, e começou a me molhar.
E como toda chuva ela foi chegando gradual, mas constante.
Foi quando percebi,
Só no dia seguinte,
Intrigado,
Que o tempo todo estava na chuva,
De um modo misteriosamente
Molhado.


Kemesson lemos
21 – março de 2009

POESIA TRÔPEGA

Bebo,
Caio,
Ergo,
Ando,
Sigo o passo como que contando,
como que somando um por um.
como que morrendo,
tonitruante por dentro.

Kemesson Lemos

O QUE POSSO ESPERAR DO AUTO?

Ah poesia que não me deixa!
Caminhava dissoluto pelas ruas da cidade:
Procurando escapar do sol escaldante de meio dia,
caminhei encostado a um prédio da Previdência,
E de Lá de cima, um pombo me repudia
De Lá de cima, espalha seu escárnio em meu ombro,
Meu ombro cansado do dia.
Mas me intriga a ordem desse infortúnio:
Se ele o fez porque distraído eu passava,
Ou quando passava, ele o fez por distraído
E o mistério que envolve essas duas possibilidades,
Guardam em si segredos e diferenças abissais.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

BALLET


Amar-te é como sonhar com Obras de Portinari.
[um tanto perspicaz]
Tocar-te é à parte um sonho a mais.

Um pigmento que gera outro pigmento que gera outro e outro...

O que parecia disforme ganha Vida e amplitude,
Incide em brilho,... agude.

E do artista, todos os movimentos
Que parecem tímidos, desatentos,
Ao mais, numa imprecisão precisa e louca,
Tornam-se baluarte de sua imaginação.

Malas-artes? Talvez...

Bailarino das mãos.



Kemesson Lemos

Manhã chuvosa de 30/janeiro/2008

UM PEDIDO

Quem dera tivesse o dom de persuadi-la com a brandura de apenas um único pedido:

- Vamos?

Mas você parece intacta,
Inóspita ao meu apelo.
Eu insisto intacto,
Ileso às suas recusas.

E como um vento impetuoso que norteia um minúsculo pano,
insisto:

- Vamos!

Kemesson Lemos

quarta-feira, 20 de maio de 2009

PEDAÇO DE POEMA

Coloquei num pedaço de papel,
meu único pedaço de poema,
e nele, meu coração despedaçado

Enquanto caminhava em pedaços,
escrevia à carvão essa parte de poema,
que titubeava no papel de riscado.

Cortejei algumas palavras:
Umas fluentes outras aleijadas,
mas todas de um anseio silenciado.

Kemesson Lemos

POEMA ESCURO


Não enxergo nada,
Mas confio no meu instinto.
E as palavras,... coitadas, saem incertas,
Mas eu as sinto!

São cinco e cinqüenta e cinco,
e ainda não consigo atar
uma linha de poesia
que amarre em meu verso.

- Alguém aí pode acender a luz?!

Kemesson lemos

POESIA TRIVIAL

A poesia de um dia,
de um dia tão comum como o de hoje,
Irrefletido...
um dia como outro qualquer,
sem grandes acontecimentos e surpresas;
sem medos, sem risos;
imperceptível pelos olhos dos aficionados;
despercebida pelos pretensos nobres da arte de escrever:
passa diminuta e insignificante.
A poesia ocultada por sua própria singularidade,
chega ser tão bucólica que passa sem que ninguém a note.
Todos os poetas são caçadores.
Toda poesia uma caça.
De um modo ou de outro,
ela passa sorrateira sem chamar a atenção.
E o dia, que parece tão trivial,
para quem a encontra,
torna-se lindo.

Kemesson Lemos